180 ANOS DO CAIS DA SAGRAÇÃO
por EUGES LIMA (historiador)
Há 180 anos, no dia 11 de setembro, foi lançada a pedra
fundamental do Cais da Sagração - localizado na Avenida Beira-Mar - pelo então
presidente da Província, o senhor João Antônio de Miranda.
Imortalizado no título do famoso livro do escritor
Josué Montello, “Cais da Sagração”, a obra, teve sua construção iniciada no ano
de 1841, por ocasião das comemorações no Maranhão em homenagem a coroação de D.
Pedro II, por isso, foi batizado com esse nome, em alusão a sagração do
Imperador, que ocorreu em julho daquele ano, no Rio de Janeiro.
Como parte
desses festejos, várias obras públicas, monumentos e instituições, foram lançados
nesse período pelo governo da província, entre eles, estão, a Pedra da Memória,
a Casa dos Educandos Artífices e o Cais da Sagração.
Em 1858 a construção do cais tinha atingido o início da praia do Caju,
com mais ou menos, um terço construído, porém, sua total extensão deveria chegar
até o Largo dos Remédios, como de fato, chegou; hoje, as imediações da Praça
Gonçalves Dias, Praça Maria Aragão e o porto do Genipapeiro.
Iniciado no começo do segundo reinando, no Império,
a construção do cais, teve altos e baixos, muitas interrupções e retomadas,
mudanças de engenheiros responsáveis e outros empecilhos, sendo concluído
somente na República, em dezembro de 1909, com uma pomposa cerimônia de
inauguração, com uma grande assistência de autoridades e populares, com direito
a colher de pedreiro de prata para assentar a última pedra e argamassa, após
longos 68 anos de construção.
Essa obra foi possivelmente uma das mais longas do
período imperial, seu objetivo principal era proteger as fundações da muralha
de arrimo lateral do Palácio do Governo, que estava constantemente ameaçada com
o avanço do mar, além de proteger toda margem esquerda do Rio Anil, que sofria também
assoreamentos constantes, provocados pela maré, além de questões sanitárias,
ligação das Ruas da Praia Grande com aquela área e por fim, embelezamento
daquela parte da cidade.
Outro aspecto interessante dessa área da São Luís de
meados do século XIX são as chamadas praias existentes antes da construção do
Cais, que foram extintas e aterradas com a construção dessa obra, embora, percebam-se
permanências na memória coletiva da cidade, principalmente em relação ao nome
de uma dessas praias, a praia do Caju.
Algumas dessas “praias” são pouco conhecidas, como a
praia da Trindade (antiga praia do Armazém), onde Manoel Beckman, líder da
revolta do mesmo nome, teria sido enforcado. Havia também, a praia Pequena; a praia
do Cisco; praia de Santo Antônio e praia dos Remédios. Enfim, toda aquela
região, onde hoje está situada a Avenida Beira-Mar, que oficialmente é
denominada de Avenida Jaime Tavares, era permeada por essas “praias” que
desapareceram com o surgimento do Cais da Sagração.
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