A PIRÂMIDE DO CAMPO DE OURIQUE
Hoje, é conhecido como “Pedra da Memória” e
sua localização atual é o fortim de São Damião, um daqueles semicírculos,
também conhecidos como meia- laranjas na Avenida Beira-Mar, nas proximidades do
Palácio dos Leões.
Depois da base da Pirâmide de Beckman (1815),
antigo pedestal do pelourinho colonial, esse é o mais antigo monumento de São
Luís, na verdade, o primeiro projetado e construido com essa finalidade
específica, no sentido de guardar uma memória, uma efeméride histórica, típico
de cidades civilizadas e cultas do século XIX. Segundo informações da época, foi
o segundo do gênero no Brasil.
Sua pedra fundamental foi lançada em 15
de setembro de 1841 – completaram-se 180 anos do seu lançamento - no bojo de
três dias de festividades e inaugurações de obras públicas no Maranhão e em
especial, em São Luís para celebrar a sagração do segundo imperador do Brasil. A
inciativa da construção do monumento partiu dos oficiais do exército que
estavam aqui.
Pesquisando principalmente em jornais
de época, pois a bibliografia existente é muito superficial, descobrimos mais
elementos desse interessante e marcante monumento maranhense. Após sua inauguração, a área posterior ao quartel militar,
o então 5.º Batalhão de Infantaria, passou a ser conhecida como “Largo da
Pirâmide”, onde hoje, existem os prédios, do Liceu maranhense e Ginásio Costa
Rodrigues.
A Planta de 1858, através de um ícone,
traz a exata localização do obelisco no antigo Campo de Ourique que estava
localizado onde atualmente encontra-se o Colégio Liceu Maranhense.
A partir de sua inauguração, a
Pirâmide, para além de sua importância em si, enquanto preservação de uma
memória - a homenagem à coroação do Imperador, inscrita literalmente no
mármore, assumiu também, outras importâncias no âmbito social, politico e cultural
no cotidiano da vida da cidade de São Luís.
É preciso notar que a instalação da
Pirâmide nesse Campo, que antes, era um imenso e vasto Largo, nu e desértico, a
partir daí, cria-se em torno do monumento, uma nova tradição para a cidade, um
novo ponto de referência para reuniões populares, manifestações, parada para
blocos carnavalescos, paradas cívicas e até mesmo ponto para seresteiros apaixonados,
sendo, portanto, seus degraus, utilizados como palco para os mais diversos
oradores. Não havia comemoração cívica em São Luís do século XIX, onde a Pedra
da Memória não fosse parada obrigatória ou mesmo ponto de culminância e
encerramento.
É em fins do século XIX que a população passa a chamar a Pirâmide do Campo de Ourique, nome mais oficial, de “Pedra da Memória”, denominação mais popular. Também nesse período, a crônica local, noticia que o monumento é atingido por uma “faísca elétrica”, em meio a uma tempestade, destruindo assim a ponta da pirâmide e atingido pessoas que estavam no local.
Nas décadas de 1930/1940 com a
urbanização do antigo Campo, que passa a se chamar Parque Urbano Santos; a
demolição do quartel militar e a construção de novos prédios, como a Biblioteca
Pública do estado e o Palácio da Educação, a Pedra da Memória perde seu
protagonismo, sendo removida, desmontada e largada nas proximidades dos
destroços do antigo quartel, a mercê da provável extinção.
Em 1946, graças a intervenção dos membros
do Diretório Regional de Geografia, que propõe ao poder público um novo local
para o monumento, o Cais da Sagração, na Avenida Beira-Mar, local onde
permanece até os dias atuais, a Pedra é finalmente salva, e a memória dos
acontecimentos que pretendia eternizar, foi preservada.
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