A RUA DO GIZ
por
EUGES LIMA (historiador)
Segui em frente e avistei um conjunto de sobradões, uns dos mais altos dessa área, de três e quatro andares. Em um deles, junto da atual sede do IPHAN (antigo Banco do Maranhão), no século XIX, foi a casa do Comendador Meireles, rico comerciante e político português, um dos maiores adversários de Ana Jansen, a poderosa matrona maranhense.
Pois bem, em abril, a Revista “Casa Vogue”, especializada em decoração e arquitetura, elegeu a Rua do Giz a sexta rua mais bonita do Brasil, isso atraiu as atenções para esse histórico logradouro. De fato, essa rua é um dos mais impressionantes cartões postais do Centro Histórico e precisa ser preservada e cuidada. Segundo o historiador Mário Meireles, a visão dessa rua a partir da Praça Benedito Leite, próximo a Associação Comercial, tendo a Rua de Nazaré passando em baixo “é uma das mais saborosas perspectivas do estilo colonial que caracteriza a cidade”.
A colonial Rua do Giz é um dos arruamentos mais antigos da Praia Grande, tem sua primitiva origem na então “ladeira do Giz”, parte do trecho hoje, onde existe sua escadaria, que foi uma solução urbanística topográfica adotada em São Luís a partir da segunda metade do século XIX para suavizar o trânsito das várias ladeiras íngremes dessa região.
Originalmente, a Rua do Giz, se iniciava no antigo Largo de Palácio (AV. Pedro II) e seguia até o antigo Largo das Mercês (Rua Jacinto Maia), bairro do Desterro, onde está situado o Convento das Mercês. Na atualidade, ela tem início na Rua de Nazaré, pois o trecho que começava no então Largo de Palácio até a Rua de Nazaré foi aterrado, se ligando com o espaço da Praça Benedito Leite.
Em 1865, o vereador e escritor Henriques Leal para homenagear a data histórica do “28 de julho de 1823”, aprovou a mudança do nome de Rua do Giz para Rua “28 de julho,” data que representa o momento em que a colônia portuguesa que comandava a província do Maranhão, reconhece oficialmente a sua integração ao Império do Brasil, episódio conhecido pela historiografia tradicional como “Adesão do Maranhão à Independência do Brasil”.
Na segunda metade do século XX, o trecho final dessa rua, no bairro do Desterro, ficou famoso, por abrigar a zona do “baixo meretrício” com suas luxuosas e luxuriosas moradas, muito frequentada pela boemia ludovincense. Eram os tempos da “28 de julho.”
Por
fim, a pergunta que não poderia faltar: por que essa rua ficou conhecida por
“Rua do Giz”? Nem Ruben Almeida, autor de um dos maiores estudos sobre os
antigos arruamentos de São Luís, nem Domingos Vieira Filho, autor da “Breve
História das Ruas e Praças de São Luís”, não escreveram a respeito, porém, o
historiador Carlos de Lima, em “Caminhos de São Luís”, acreditava ser devido
“provavelmente, à íngreme e escorregadia ladeira de argila”, que existia
primitivamente no seu início e que possivelmente lembrava esse formato de giz;
estreita, embranquecida e longa.
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