QUE DIA FOI ENFORCADO BECKMAN?
por EUGES LIMA
(historiador)
Teria
sido enforcado Manuel Beckman, conhecido aqui no Maranhão com o nome
aportuguesado de "Bequimão”, no dia 2 de novembro (dia de finados), como
aprendemos nos manuais de história do Maranhão ou no dia 10 de novembro?
João
Lisboa em seu "Jornal de Tímon", registrou o dia 2 de novembro, como
data do enforcamento de Beckman, isso explica a tradição do 2 de novembro.
Porém, não se executavam prisioneiros no Brasil colonial no dia de finados.
O
brilhante João Lisboa, o príncipe dos historiadores brasileiros se equivocou
nesse detalhe, erro corrigido somente séculos depois pelo historiador
maranhense Milson Coutinho, em seu livro "A Revolta de Bequimão",
1984, pois ele teve acesso a carta então enviada ao Conselho Ultramarino pelo
governador do Estado do Maranhão, Gomes Freire de Andrade no dia 15 de novembro
de 1685, dando conta dos condenados envolvidos na Revolta liderada por Manuel
Beckman e Jorge de Sampaio.
É esse documento, que talvez, pela primeira
vez, trazemos a publico, transcrito integralmente abaixo, confirmando o
"10 de novembro" como data da execução de Manuel Beckman, "O
Bequimão", como ele gostava de assinar, na Praia do Armazém ( Beira-Mar, nas
proximidades da Pirâmide de Beckman) em 1685.
CARTA
DE GOMES FREIRE DE ANDRADE DE 15 DE NOVEMBRO DE 1685, ENVIADA AO CONSELHO
ULTRAMARINO E AO REI DE PORTUGAL D. PEDRO II
Senhor.
Como o
principal motivo com que V.Mgª foi
servido
mandar-me a este Estado, foi o de sos-
segar a
alteração em que os moradores desta
cidade
de São Luís estavam em desserviços de
V. Mgª;
e castigar os cumplices nela, tendo logo
que
cheguei dado cumprimento ao sossego, fa-
zendo
restituir a obediência tudo ao que
tinham
faltado, como por outras vias dei
conta a
V. Mgª; a dou por esta esta de que em dez
deste
mês de novembro se fez execução de
morte
natural na forca em Manuel Bequi-
mão e
Jorge de Sampaio de Carvalho; por se a-
char
serem os mais culpados para o castigo,
e os
mais poderosos para a o exemplo. Foram tam-
bem
condenados em perdimento de seus bens
para a
Coroa Real. Com doze se fez açoitar
pelas
Ruas públicas Belchior Gonçalves,
que
tinha sido um dos míseres do povo, e
pareceu
não devia morrer por se não provar
legitimamente
tiveste trato antecipado pa-
ra o
levantamento; e assim foi só condenado
em mais
oito anos de degredo para o Reino
dos
Algarves, respeitando-se também ser homem
de mais
idade, casado e com muitos filhos me-
nores.
Fica para se sentenciar qualquer dia
a outro
mister ausente chamado Francisco
Dias de
Eiro, que não se pode dar esta senten
ça com
os outros, a respeito de ser estar esperan-
do uma
testemunha essencial para a causa.
Pesquisa e Transcrição: Euges Lima
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