407 Anos da Batalha de Guaxenduba (1614-2021)

 

por EUGES LIMA

(historiador e presidente do IHGM)

 

A Batalha de Guaxenduba, completa hoje, 407 anos. Há mais de quatro séculos, na manhã do dia 19 de novembro de 1614, nas areias das praias do então sítio de Guaxenduba, no continente maranhense, hoje, as praias de Santa Maria, praia da Boca da Lagoa e praia de São Pedro, localizadas no povoado de Santa Maria, município de Icatu, Maranhão, franceses e portugueses se enfrentaram numa sangrenta guerra épica pela posse do Maranhão.

As forças portuguesas estavam sob o comando do Capitão-Mor Jerônimo de Albuquerque, auxiliado pelo Sargento-Mor do Brasil Diogo de Campos Moreno e o exército francês, sob a liderança de Daniel de La Touche, o senhor de la Ravardière. Embora em superioridade numérica e bélica, mas por erros estratégicos, autoconfiança demasiada, além de fatores naturais, os franceses acabaram sendo derrotados pelas debilitadas forças portuguesas, que se utilizando de um estilo de guerra peculiar ao Brasil colonial, mesclavam estratégias de guerra europeia com indígena, ou seja, adotaram uma estratégia mais eficaz para o momento, sendo decisivo o taque surpresa e fulminante dos
portugueses às tropas francesas que ainda estavam descansando do desembarque e tentando se fortificar.

Ao contrário dos seus inimigos lusos, os franceses que apesar de contar com um significativo contingente de mais de dois mil índios tupinambás e duzentos soldados franceses, usaram um estilo de combate tipicamente europeu das guerras de Flandres.

Uma das razões da derrota dos franceses na Batalha de Guaxenduba foi porque parte de suas forças, principalmente as que desembarcaram nas praias, não eram formadas por soldados profissionais, mas sim por gente de ofício, ou seja, carpinteiros, ferreiros, enfim, colonos, trabalhadores que vieram colonizar a França Equinocial e fazer a América e que acabaram sendo obrigados a lutarem improvisados de soldados, enfrentando o maltrapilho exército português, porém, mais experimentado no campo de batalha e nessas guerras de sertão.

Nos registros dos depoimentos dos prisioneiros franceses, capturados em
Guaxenduba, onde eles relatam suas vidas de simples trabalhadores e contam como vieram parar no Maranhão com suas famílias, eles se queixam de terem sido enganados pelos comandantes franceses que venderam para eles um paraíso nos trópicos e quando chegaram aqui, não era nada disso, e ainda tiveram que pegar em armas, sendo muitos massacrados nessa guerra, sofrendo os franceses uma baixa entre 115 a 150 combatentes e 9 prisioneiros dos 200 que desembarcaram, ou seja, uma verdadeira carnificina, fora as centenas de índios tupinambás, aliados dos franceses que também tombaram.

Essa guerra, como relata Diogo de Campos Moreno em sua “Jornada do Maranhão”, foi um verdadeiro "inferno na praia", sobretudo para as tropas francesas de la Ravardière que com sua política de já ganhou, acabou sendo fatalmente surpreendido.

 

Números da Batalha

Forças francesas que desembarcaram

- 200 soldados (2 tropas)

-  mais de 2 mil índios flecheiros

- 46/50 canoas                                      

Forças portuguesas em Guaxenduba

- 234 índios flecheiros

- 180 soldados

Mortos

115 a 150 franceses

10 portugueses

Feridos

18 portugueses

Prisioneiros

9 franceses

 

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