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Mostrando postagens de outubro, 2021

O FIM DO JORNAL IMPRESSO

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  por EUGES LIMA (historiador)   O tradicional jornal O Estado do Maranhão (62 anos), vem anunciando já há alguns meses o fim de suas edições impressas, talvez, querendo preparar aquele leitor ainda apegado ao jornal físico que essa Era está chegando ao fim. Li em algum lugar, que a última publicação impressa desse jornal sairá nesse fim de semana, depois disso, será somente on line.   Para um leitor, como eu, pertencente à geração X (35-49 anos), e mais que isso, alguém que coleciona livros raros (bibliófilo), que colecionava revistas, recortes de jornais... Que cresceu também a partir do paradigma do impresso, a quem não basta ler; é preciso ter o contato físico, guardar, acumular, estimular os sentidos... Cheiro, textura... Ter que encarar o fim da Era do Impresso, não é algo tão fácil, pois é ter que encarar que o mundo em que você cresceu, que você criou suas referências, está deixando de existir. O mundo hoje é cada vez mais virtual que real, um mundo digital,...

QUE DIA FOI ENFORCADO BECKMAN?

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  por EUGES LIMA (historiador)   Teria sido enforcado Manuel Beckman, conhecido aqui no Maranhão com o nome aportuguesado de "Bequimão”, no dia 2 de novembro (dia de finados), como aprendemos nos manuais de história do Maranhão ou no dia 10 de novembro? João Lisboa em seu "Jornal de Tímon", registrou o dia 2 de novembro, como data do enforcamento de Beckman, isso explica a tradição do 2 de novembro. Porém, não se executavam prisioneiros no Brasil colonial no dia de finados. O brilhante João Lisboa, o príncipe dos historiadores brasileiros se equivocou nesse detalhe, erro corrigido somente séculos depois pelo historiador maranhense Milson Coutinho, em seu livro "A Revolta de Bequimão", 1984, pois ele teve acesso a carta então enviada ao Conselho Ultramarino pelo governador do Estado do Maranhão, Gomes Freire de Andrade no dia 15 de novembro de 1685, dando conta dos condenados envolvidos na Revolta liderada por Manuel Beckman e Jorge de Sampaio.  É esse...

JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE, O FUNDADOR DA CAPITAL

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  por EUGES LIMA (historiador) Veja como o jornal "O Arquivo (1846)", jornal cientifico e literário, ligado a Associação Literária Maranhense (1845), a qual tinha Gonçalves Dias como membro efetivo e presidida por Alexandre Teófilo, via a participação de Jerônimo de Albuquerque em relação a fundação de São Luís:   "Jerônimo d'Albuquerque, fidalgo da casa real, comandante das duas primeiras expedições para conquista do Maranhão aos franceses, E FUNDADOR DA SUA CAPITAL, tomou posse do governo em meados de novembro de 1615, por nomeação do general da armada e conquista, Alexandre de Moura.(Jornal O Arquivo, 1846)" "Fundador da sua capital", ou seja, fundador da cidade de São Luís, é assim que em meados do século XIX, esse Jornal que tinha como um dos colaboradores Gonçalves Dias, tratava a fundação da cidade. Essa era a visão corrente da época. Os franceses não eram considerados fundadores. Isso só confirma a ideia que essa visão de fundação franc...

A PIRÂMIDE DO CAMPO DE OURIQUE

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  por EUGES LIMA (historiador) Assim era chamado esse monumento, quando foi inaugurado no dia 28 de julho de 1844, originalmente no antigo Campo de Ourique. O objetivo era comemorar a coroação de D. Pedro II. Hoje, é conhecido como “Pedra da Memória” e sua localização atual é o fortim de São Damião, um daqueles semicírculos, também conhecidos como meia- laranjas na Avenida Beira-Mar, nas proximidades do Palácio dos Leões. Depois da base da Pirâmide de Beckman (1815), antigo pedestal do pelourinho colonial, esse é o mais antigo monumento de São Luís, na verdade, o primeiro projetado e construido com essa finalidade específica, no sentido de guardar uma memória, uma efeméride histórica, típico de cidades civilizadas e cultas do século XIX. Segundo informações da época, foi o segundo do gênero no Brasil.   Sua pedra fundamental foi lançada em 15 de setembro de 1841 – completaram-se 180 anos do seu lançamento - no bojo de três dias de festividades e inaugurações de obra...

CONTESTAÇÕES DA FUNDAÇÃO FRANCESA DE SÃO LUÍS

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por EUGES LIMA (historiador)   Os questionamentos e inseguranças acerca da ideia de fundação francesa da cidade de São Luís é algo que verificamos em vários momentos e épocas diferentes a partir do século XX. Nem sempre se propagou essa ideia de fundação francesa. E quando essa versão se tornou algo corrente, nem sempre se concordou com isso. Essa versão das origens francesas da cidade não se constituiu em unanimidade entre historiadores e intelectuais do Maranhão, embora estar claro que ao longo do século passado, tenha se tornado a versão hegemônica sobre a fundação da cidade na historiografia. Quando os precursores questionadores da fundação francesa, por assim dizer, já estavam completamente esquecidos, assim como seus textos desconhecidos pelas novas gerações, não lhes restando mais nenhum representante e a versão de origem francesa reinava tranquilamente, eis que surge no limiar deste século um ponto fora da curva, uma guinada historiográfica em relação ao tema, com o li...

A RUA DO GIZ

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  por EUGES LIMA (historiador)   Outro dia, andei pela Rua do Giz, localizada no Bairro da Praia Grande. Desci sua escadaria, passei em frente à antiga sede do jornal “O Globo”, prédio construindo em 1800, canto com a antiga ladeira do Vira-Mundo (Rua Humberto de Campos), hoje, uma  escadaria. Foi em frente esse prédio, que se deram os episódios do dia 17 de novembro de 1889, onde uma grande massa de libertos protestaram contra o jornalista republicano Paula Duarte e a Proclamação da República. Favoráveis à monarquia, terminaram sendo fuzilados pelas forças do 5.º Batalhão de Infantaria. Atualmente, lá funciona um Museu de História Natural e Arqueologia. Segui em frente e avistei um conjunto de sobradões, uns dos mais altos dessa área, de três e quatro andares. Em um deles, junto da atual sede do IPHAN (antigo Banco do Maranhão), no século XIX, foi a casa do Comendador Meireles, rico comerciante e político português, um dos maiores adversários de Ana Jansen, a poder...

400 ANOS DA CRIAÇÃO DO ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO (1621/2021)

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  por EUGES LIMA (h istoriador) No dia 13 de junho, completaram-se quatrocentos anos da criação do Estado Colonial do Maranhão. No último dia 11 de junho, por meio de um e-mail, reenviado da Sociedade de Geografia de Lisboa com um convite para uma Conferência Virtual: “No IV Centenário da Fundação do Estado do Maranhão”, a ser proferida pela Sra. Professora Doutora Maria Madalena Pessoa Jorge Larcher, reenviado pelo historiador e confrade português, professor Doutor Eurico Dias, membro dessa Sociedade. Assim, fui lembrado dessa importante efeméride para história maranhense, que me parece que é esquecida pelos maranhenses, mas lembrada pelos portugueses. Em 1621, o Rei Felipe II de Portugal e Felipe III da Espanha, criou o Estado do Maranhão, como uma unidade colonial separada do restante do Brasil, ligada diretamente às ordens de Portugal e Espanha, ressaltando que nesse período, Portugal vivia sob a égide da União Ibérica (1580/1640), sob o domínio espanhol. O Estado do Maranhã...

180 ANOS DO CAIS DA SAGRAÇÃO

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  por EUGES LIMA (historiador)   Há 180 anos, no dia 11 de setembro, foi lançada a pedra fundamental do Cais da Sagração - localizado na Avenida Beira-Mar - pelo então presidente da Província, o senhor João Antônio de Miranda. Imortalizado no título do famoso livro do escritor Josué Montello, “Cais da Sagração”, a obra, teve sua construção iniciada no ano de 1841, por ocasião das comemorações no Maranhão em homenagem a coroação de D. Pedro II, por isso, foi batizado com esse nome, em alusão a sagração do Imperador, que ocorreu em julho daquele ano, no Rio de Janeiro.   Como parte desses festejos, várias obras públicas, monumentos e instituições, foram lançados nesse período pelo governo da província, entre eles, estão, a Pedra da Memória, a Casa dos Educandos Artífices e o Cais da Sagração. Em 1858 a construção do cais tinha atingido o início da praia do Caju, com mais ou menos, um terço construído, porém, sua total extensão deveria chegar até o Largo dos Rem...

A invasão holandesa e a planta da cidade de São Luís

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  por Euges Lima *   A planta mais antiga da cidade de São Luís data do período da invasão holandesa (1641/1644) e foi publicada no livro do frei José de Santa Teresa, " História da Guerra do Brasil" . É muito interessante para se entender como a cidade foi sendo construída,  como se deu a sua evolução urbana, pois mostra São Luís nas suas primeiras três décadas.  Não se pode conhecer o desenvolvimento urbano ludovicense em suas origens, sem antes interpretá-la. Dei-me ao trabalho de "traduzir" a legenda "hieroglífica" contida na cópia dessa planta, tarefa nada fácil, que você pode ver ao final do texto. De acordo com a planta, quando do período da ocupação holandesa, a cidade de São Luís já tinha três igrejas. Eram elas: São Jorge (S. José do Desterro), Igreja do Carmo (1627) e Igreja de São João, além de dois conventos, o dos Jesuítas e o de São Francisco. Observe que na planta, a representação do número 6, referente a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e...